quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Venda de bicicletas recua 15% em 2023, mas expectativa para 2024 é positiva Faturamento das lojas teve queda de 7% no mesmo período; levantamento da Aliança Bike ouviu centenas de lojistas de todo país

Foto: Bike Inside


Como já era esperado, o mercado brasileiro de bicicletas vive um momento desafiador nos últimos dois anos. Em levantamento realizado pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) com centenas de lojistas de todo o país, os números apontam para uma queda de 15% na quantidade de bicicletas vendidas em 2023 – em relação ao ano anterior.  

Nesta mesma pesquisa, houve uma retração de 7% no faturamento das lojas em comparação com 2022. Esta diferença de uma queda maior no número de bicicletas vendidas em relação ao faturamento se explica pelo aumento na demanda de serviços e no consumo de bicicletas de maior valor agregado, como as elétricas, por exemplo. 

É importante considerar que as vendas de bicicletas no Brasil tiveram números recordes no biênio 2020-2021, quando chegou a 6 milhões de unidades. Nos dois últimos anos, o cenário foi desafiador, com diversos contratempos em relação ao estoque e queda na demanda.

Confira abaixo a estimativa dos últimos anos em números absolutos. 

Estimativas de vendas no comércio varejista de bicicletas nos últimos anos*

2018: 4 milhões de unidades

2019: 4 milhões de unidades

2020: 6 milhões de unidades

2021: 5,8 milhões de unidades

2022: 3,77 milhões de unidades

2023: 3,20 milhões de unidades

*Baseado no monitoramento da Aliança Bike com lojistas e nos dados de produção, montagem e importação de bicicletas e componentes. A estimativa contempla bicicletas novas e usadas.

O recuo nas vendas em 2023 se deu principalmente nas chamadas bicicletas "de entrada" (de R$ 800,00 a R$ 2.000,00) e no primeiro segmento das intermediárias (entre R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00). Não por coincidência, esta foi a faixa de magrelas que mais teve aumento nas vendas nos anos de 2020 e 2021. 

“Os últimos dois anos foram de muitas dificuldades e reflexões para o nosso setor. A queda em 2023 é uma realidade, mas foi menor do que aconteceu de 2021 para 2022. A análise que fazemos é de que a tendência é que 2024 seja um ano melhor do que foi o ano passado, que possa ser o início de uma reversão neste cenário”, explica Rodrigo Coelho, presidente do Conselho Deliberativo da Aliança Bike. 

Expectativas para a economia e para o faturamento das lojas em 2024

No levantamento da Aliança Bike, os lojistas também foram perguntados sobre a situação econômica do Brasil e as expectativas para 2024 considerando a realidade da própria loja. Sobre a situação econômica do Brasil, 46,1% dos lojistas estão pessimistas, acreditando que a economia deve piorar. Já 25,5% acreditam que a economia vai melhorar e 28,4% acreditam que a economia ficará na mesma.

Quando questionados sobre a expectativa para a situação financeira da própria loja, lojistas se mostraram mais otimistas: 47,1% acreditam que a situação financeira da loja irá melhorar, enquanto 20,6% acreditam que irá piorar. E, para 32,4%, a expectativa é que a situação financeira em 2024 permaneça igual.

Como parte do cenário nacional, o mercado de bicicletas pode ser ainda melhor em caso de melhora na conjuntura econômica do Brasil. 

A visão para o mercado em 2024

A expectativa da associação não é, necessariamente, de um ano extremamente positivo, mas de recuperação econômica no setor de bicicletas e reversão da curva - de decrescente para ascendente. Um dos indicativos é que a queda em 2023 foi menor do que a observada em 2022 e que o faturamento das lojas recuou menos do que o volume de bicicletas vendidas. Isso revela a resiliência do setor e uma base maior de ciclistas consumindo serviços, acessórios e equipamentos.

No entendimento da Aliança Bike, os números de 2020 e 2021 tiveram um crescimento fora da curva, não só no Brasil. 

“Considerando um certo padrão de consumo, podemos dizer que muitas pessoas compraram bicicletas novas pela válvula de escape de pandemia ou anteciparam a compra ou troca da bicicleta, no caso de ciclistas contumazes”, afirma Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike. Este fato acabou gerando alguns desafios – especialmente em relação à capacidade de oferta e gestão dos estoques tanto durante quanto após a pandemia. E, aos poucos, o mercado nacional vem se regulando para patamares que sejam mais sustentáveis em toda a cadeia. 

“Estes desafios em relação aos estoques ainda existem. Mas podemos vislumbrar um segundo semestre melhor do que o primeiro, o que nos levará a um 2024 melhor do que o ano passado”, afirma Rodrigo Coelho. 

Sobre a Aliança Bike – Associação Brasileira do Setor de Bicicletas 

Criada em 2003 e formalizada em 2009, a Aliança Bike tem em seu escopo de atuação a defesa do setor e da economia da bicicleta no país, sempre visando o interesse coletivo. A entidade é formada por mais de 170 empresas e organizações associadas, abrangendo fabricantes, montadores, importadores, varejistas e lojistas, espalhados por mais de 20 estados. 

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