O mercado brasileiro de bicicletas e componentes vive um momento histórico. Desde abril do ano passado em viés de alta, o primeiro semestre de 2021 viu o boom traduzido em números: foram R$ 199,5 milhões de recursos envolvidos no comércio exterior (soma de exportação e importação), número 122% superior ao mesmo período do ano passado. É o maior volume desde o início da série histórica em 2010. Os dados são do Boletim Técnico Importação, Exportação e Distribuição de Bicicletas e Componentes, desenvolvido pela Aliança Bike com apoio do Itaú, com base em dados de fontes oficiais, como a COMEXSTAT, a SISCORI (Receita Federal) e a RAIS.
A alta apresentada entre janeiro e junho deste ano é ainda mais impactante quando confrontamos com os dados completos de 2020. No ano passado, os recursos de importação caíram 17% em relação a 2019. O que significa que o mercado está, de fato, em uma tendência de recuperação e crescimento.
"Desenvolver este Boletim é o resultado de um trabalho muito bem feito de pesquisa, com base em dados públicos bastante complexos. Sobre os números apresentados, mostra que o mercado de bicicletas está conseguindo lidar com todas as adversidades do momento”, explica Giancarlo Clini, presidente da Aliança Bike.
O Boletim apresenta números do mercado brasileiro de bicicletas desde 2010. Assim, torna-se uma excelente fonte de informações para entender os movimentos do segmento e analisar as principais tendências. Ele pode ser baixado clicando neste link.
Confira abaixo outros dados relevantes desta edição do boletim.
Componentes aumentam participação na importação
O histórico crescente de importações, registrado na série histórica desde 2010, é puxado especialmente pela importação de componentes. Na análise do primeiro semestre de 2021, houve crescimento de 136% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 190 milhões em 2021 contra R$ 80 milhões em 2020).
Na balança comercial, componentes representam 95% do total, contra 90% em todo o ano de 2020. Ao mesmo tempo, a participação das bicicletas inteiras na importação apresentou queda: dos 9% no ano passado inteiro para 4% neste primeiro semestre.
Dentre os diversos países que exportam componentes para o Brasil, o destaque fica para os países asiáticos. Mais de 80% do volume vem de apenas três países: China (70%), Taiwan (10%) e Indonésia (6%). Os estados brasileiros com os maiores valores na operação de importação de componentes no primeiro semestre de 2021 são Santa Catarina (34%), Amazonas (23%) e Espírito Santo (23%).
Foco em produtos importados mais baratos
Em relação às bicicletas inteiras, o mercado de importação apresentou queda de 3% em movimentação financeira envolvida. Entretanto, houve um aumento de 20% no volume de unidades – o que sugere que o país ampliou a importação de produtos mais baratos. Faz sentido esse raciocínio, provavelmente impulsionada pelo excelente momento do mercado de bicicletas, que registrou 50% a mais de vendas em 2020 em relação a 2019.
Em 2020 foram importadas 58.144 bicicletas inteiras. Isso representou uma queda de 24% em relação ao ano de 2019 (que teve 76.707 unidades importadas). Nos 6 primeiros meses de 2021, foram importadas 37.818 unidades, o que pode indicar um leve reaquecimento desta modalidade de importação.
Agenda de exportações segue residual
A balança comercial do segmento ciclístico no Brasil continua pendendo fortemente para o lado da importação. Dos quase R$ 200 milhões movimentados no primeiro semestre, o volume de exportações continua sendo residual, com participação de 1,2%. O dado conta com uma ligeira queda em relação ao ano passado, quando as exportações representaram 2% do montante.
Em relação ao valor total das exportações no ano, entre 2019 e 2020 houve um aumento na exportação de componentes de 42% em número de unidades e de 26% no valor recebido com as transações. Em contrapartida, os dados são de queda na exportação de bicicletas inteiras, com queda de 23% em unidades vendidas e de 63% em valores entre 2019 e 2020.
Os principais mercados que receberam bicicletas e componentes produzidos no Brasil foram os da América Latina: o Paraguai é o principal comprador de bicicletas inteiras do Brasil, enquanto a Argentina é o principal destino dos componentes.
A queda no volume de exportações ao longo dos anos já foi mostrada na Revista Importação, Exportação e Distribuição de Bicicletas e Componentes, lançada no ano passado pela Aliança Bike. Em 2009, o valor total flutuava entre 6 e 8 milhões de dólares; em 2020, este número caiu para 3,5 milhões de dólares.
Sobre a Aliança Bike
Criada em 2003 e formalizada em 2009, a Aliança Bike tem como missão principal fortalecer a economia da bicicleta, além de trabalhar para que mais pessoas pedalem no Brasil. A entidade atua em diversas frentes de trabalho para atingir os objetivos. Conta com mais de 150 associados entre fabricantes, montadores, importadores, distribuidores e lojistas.
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