quarta-feira, 9 de junho de 2021

Clínica Técnica CIMTB Michelin: categorias de base

 

Por Pedro Parisi, de Belo Horizonte

Mais do que nunca, a fluidez de informações e as novas tecnologias têm influenciado o ciclismo competitivo e o treinamento de atletas em todos os níveis. Além disso, no mundo todo, mas em especial no Brasil, o mountain bike tem recebido uma onda de novos entusiastas. Mas de que maneira estas novidades influenciam nas categorias que são o futuro do esporte?

A CIMTB Michelin conversou com quatro especialistas em ciclismo de base do Brasil e da Colômbia para entender como os jovens ciclistas estão se desenvolvendo em um contexto completamente diferente de alguns anos atrás: Fernando Fermino é diretor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e um dos responsáveis pela Seleção Brasileira de MTB,  Luciano “Kdera” Lancelotti, é veterano de várias modalidades da bicicleta e sócio da Cantareira Bike School, Pablo Mazuera, é fundador da fundación Mezuena, importante incentivadora do ciclismo na Colômbia e Valmor Haussman é fundador de uma escola de mountain bike e ex-competidor da elite.

Em uma posição favorável para analisar essa evolução, Fermino acredita que bons equipamentos e o acesso a dados são fatores relevantes neste contexto. “Acredito que a evolução do ciclismo brasileiro competitivo esteja relacionada a vários fatores, mas eu destacaria o acesso a bons equipamentos e a informações”, destaca.

Por outro lado, Pablo diz que equipamentos de ponta e treinamentos inovadores sempre existiram, e o que mais influencia no sucesso de jovens ciclistas no cenário mundial é a vontade de vencer inerente ao jovem, que tem uma percepção mais entusiasmada dos treinamentos e competições. “É uma geração muito forte, muito habilidosa que tem muita energia para treinar. E com ajuda do potencímetro, eles conseguem treinar ainda melhor”, defende.

São duas posições que talvez se complementem no resultado final da formação de um jovem ciclista. A gana de vencer e o contexto tecnológico certamente afetam quem começa no ciclismo competitivo. Entretanto, segundo Kdera, antes mesmo de se tornar atleta de elite, o jovem precisa passar por uma formação mais humana com a bicicleta.

“A bike é, no mínimo, uma questão de formação como ser humanista desde a tenra infância. Nesse início, ela tem que ser algo muito além dos números. Existe um processo de desenvolvimento em que é necessário ser lúdico. E uma das ferramentas que usamos para isso se chama pump track”, conta Kdera, que lidera o movimento #Pumptudo no país.

Valmor, que tem trabalhos de base com a população carente em Blumenau, onde vive atualmente, também acredita que o trabalho inicial precisa ser divertido e recompensador. “A criança e o adolescente querem se divertir em cima da bike. Enquanto ela estiver feliz, automaticamente estará trabalhando os fatores técnicos, o flow, e até a força”, comenta.

Entretanto, ele acredita que as atividades ao ar livre, incluindo a bicicleta, convivem com uma ameaça que pode atrapalhar este desenvolvimento. “Apesar de proporcionar acesso fácil à informação, a internet, os jogos, o celular acabam gerando também desinteresse desses jovens por atividades físicas. O nosso desafio, na verdade, é o quanto conseguimos instigar a criança a praticar alguma coisa, experimentar várias formas de estímulo físico”, explica.

De acordo com ele, a solução passa pelo ensino fundamental. “Eu acho que tudo começa na escola para conseguir incentivá-los em todas as modalidades. Só experimentando é que a criança vai conseguir decidir qual esporte quer investir”, analisa Valmor.

Boom no mercado de ciclismo

Não é novidade que o Brasil vive uma explosão do mercado interno de bicicletas. Muitos fabricantes estão com uma longa lista de espera, sobretudo em relação às bicicletas de luxo, de acordo com Valmor, que é consultor de uma marca brasileira de quadros de mountain bike. “Temos uma lista de espera na fábrica que há dois anos era impensável, principalmente o segmento full suspension”, avalia.

Essa característica do mercado pode resultar em algo benéfico no futuro, segundo os especialistas. Atualmente, poucas marcas brasileiras investem no desenvolvimento da base de novos atletas. Mas com o número de atletas crescendo, talvez elas abram os olhos para isso.

Fermino, representante da CBC, acredita que é preciso estar atento às demandas desses futuros novos atletas de competição. “Com o aumento do número de praticantes é esperado que se fomente também a prática do ciclismo entre jovens. Para que tenhamos atletas com bons resultados é importante que o treinamento seja realizado de forma racional e principalmente respeitando as características biológicas dos jovens, estas são condições imprescindíveis para o sucesso esportivo”, explica.

Kdera concorda. “A criança precisa estar fundamentada para crescer. A força você alcança depois, mais velha, com o treinamento planilhado. Com o jovem tem que ser diferente, não é com uma marreta na mão que nós iremos nos tornar artistas do rolê. A gente tem que ficar atento ao interesse, ao desenvolvimento e à afinação da criança com a bicicleta”, defende.

Competições

A CIMTB Michelin esteve sempre atenta às necessidades do ciclismo de base. A organização sempre promoveu atividades para crianças e adolescentes tanto em família, quanto em competições individuais, com acompanhamento dos pais e profissionais. Rogério Bernardes, organizador do evento acredita que, além de ter esse tipo de oportunidade de contato com o ciclismo competitivo desde cedo, o jovem atleta precisa também ter contato com outras culturas para se desenvolver plenamente.

“A gente acredita muito nesse intercâmbio, nessa troca. A Copa sempre investiu nas categorias de base, e sempre fizemos esforço para que tivéssemos a presença de atletas internacionais como o Egan Bernal e outros grandes atletas que vieram de outros países, principalmente da América Latina para que o nível dos atletas brasileiros também melhore”, conta.

Para ele, o apoio do mercado, das entidades de ciclismo, dos pais e dos organizadores de eventos é crucial para que o Brasil continue uma potência do ciclismo no futuro. “É uma preocupação muito grande que a gente tem, porque nos preocupamos com a próxima geração de grandes atletas. Esse trabalho é muito importante com os patrocinadores, com a CBC e com as federações estaduais de ciclismo”, completa.

CIMTB Michelin 2021

A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI)  desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos Ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1992.

 Michelin

A Michelin, líder do segmento de pneus, se dedica ao desenvolvimento da mobilidade de seus clientes, de forma sustentável, criando e distribuindo os pneus, serviços e soluções mais adequados às suas necessidades; fornecendo serviços digitais, mapas e guias, para ajudá-los tornar suas viagens experiências únicas; e desenvolvendo materiais de alta tecnologia, que atendem à indústria da mobilidade. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 170 países, emprega 114.100 pessoas em todo o mundo e dispõe de 70 centros de produção implantados em 17 países diferentes que fabricaram 190 milhões de pneus em 2017.

Sense Bike

Parte da Lagoa Participações, a Sense Bike foi criada em 2009, com o sonho de construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta. Em 2014, foi inaugurada a fábrica em Manaus, que possibilitou o início da produção de quadros, bem como a montagem de bicicletas elétricas e convencionais (mountain bike, urbana e road), com o que existe de mais inovador em tecnologia. Em abril de 2018, a Sense Bike comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto (Portugal).

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