Cair da bicicleta é normal na infância, quando o equilíbrio ainda não
está plenamente desenvolvido. Errado, dizem os especialistas, é ignorar
as medidas de proteção que podem evitar que o tombo tenha consequências
mais sérias que um simples galo ou esfolado. As quedas representam a
principal causa de fratura facial em crianças e jovens menores de 18
anos, de acordo com uma pesquisa que acaba de ser concluída pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O estudo, promovido pela Faculdade de Odontologia da Unicamp (câmpus Piracicaba) durou dez anos. Os especialistas acompanharam 757 pacientes e notaram que, nos casos de fratura facial, 98% das crianças não usavam acessórios de segurança, como o capacete. Meninos representam 70% dos casos. O tombo de Raphael de Souza Abreu Lima, 12 anos, combina com essa estatística. Como lembrança do dia da queda, ocorrida dentro do condomínio onde mora, guarda uma cicatriz na testa.
“Ele estava correndo, sem capacete, caiu e bateu a testa na quina da parede. Tive que levá-lo ao hospital porque foi bem feio”, conta a mãe do garoto, a promotora Ana Carolina de Souza, 35. Mesmo depois do acidente, mãe e filho admitem que os itens de segurança não são utilizados. “Como ele anda bem (de bicicleta), não me preocupei. Já é mais crescido, não usa por vergonha”, justifica Ana. “Não gosto de usar. Eles me atrapalham”, completa Raphael.
Do estudo, os pesquisadores destacam ainda a posição do Brasil como o país com a maior incidência de traumas maxilofaciais. “A literatura médica prevê algo entre 1% e 14% na faixa etária estudada. Mas, no País, a pesquisa indicou a incidência de 30% de fraturas na mandíbula das nossas crianças”, afirma o autor do estudo da Unicamp, o cirurgião dentista José Luis Muñante–Cárdenas. Segundo ele, o osso facial mais afetado pelas ocorrências ciclísticas é a mandíbula. “Provavelmente pela exposição do osso”, diz.
A coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, estima que 85% dos traumatismos faciais poderiam ser evitados com o capacete. Para ela, o uso dos equipamentos de segurança deveria ser obrigatório em todos os passeios, até no quintal de casa. “O objetivo é proteger a criança. Então, o uso é fundamental. Os pais devem falar dos benefícios e não associar os equipamentos ao perigo”, diz.
A queda de Beatriz Duarte de Oliveira, 8 anos, não convenceu a dona de casa Lailce Garcia Duarte Oliveira, de 49, a adotar o capacete como obrigatório. “Quando ela caiu, até pensei em colocar o capacete, mas desisti. Ela só brinca na quadra do condomínio e comigo olhando”, justifica Lailce.
Mais que cortes superficiais e susto, as quedas podem provocar danos permanentes. No caso das lesões faciais, o cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, especialista em cirurgias do crânio e da face do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital das Clínicas, destaca as seguintes sequelas: alteração do crescimento, perda de sensibilidade, mobilidade comprometida e complicações estéticas.
“Tudo dependerá do grau de complexidade da lesão”, diz. Para o dentista Waldyr Antônio Jorge, especializado em cirurgia bucomaxilofacial pela Universidade de São Paulo (USP), um trauma na face de crianças e adolescentes costuma ser mais severo que em adultos. “Embora tenham uma reparação mais rápida, a criança e o jovem estão em desenvolvimento ósseo e são mais frágeis que adultos”, garante.
O estudo, promovido pela Faculdade de Odontologia da Unicamp (câmpus Piracicaba) durou dez anos. Os especialistas acompanharam 757 pacientes e notaram que, nos casos de fratura facial, 98% das crianças não usavam acessórios de segurança, como o capacete. Meninos representam 70% dos casos. O tombo de Raphael de Souza Abreu Lima, 12 anos, combina com essa estatística. Como lembrança do dia da queda, ocorrida dentro do condomínio onde mora, guarda uma cicatriz na testa.
“Ele estava correndo, sem capacete, caiu e bateu a testa na quina da parede. Tive que levá-lo ao hospital porque foi bem feio”, conta a mãe do garoto, a promotora Ana Carolina de Souza, 35. Mesmo depois do acidente, mãe e filho admitem que os itens de segurança não são utilizados. “Como ele anda bem (de bicicleta), não me preocupei. Já é mais crescido, não usa por vergonha”, justifica Ana. “Não gosto de usar. Eles me atrapalham”, completa Raphael.
Do estudo, os pesquisadores destacam ainda a posição do Brasil como o país com a maior incidência de traumas maxilofaciais. “A literatura médica prevê algo entre 1% e 14% na faixa etária estudada. Mas, no País, a pesquisa indicou a incidência de 30% de fraturas na mandíbula das nossas crianças”, afirma o autor do estudo da Unicamp, o cirurgião dentista José Luis Muñante–Cárdenas. Segundo ele, o osso facial mais afetado pelas ocorrências ciclísticas é a mandíbula. “Provavelmente pela exposição do osso”, diz.
A coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, estima que 85% dos traumatismos faciais poderiam ser evitados com o capacete. Para ela, o uso dos equipamentos de segurança deveria ser obrigatório em todos os passeios, até no quintal de casa. “O objetivo é proteger a criança. Então, o uso é fundamental. Os pais devem falar dos benefícios e não associar os equipamentos ao perigo”, diz.
A queda de Beatriz Duarte de Oliveira, 8 anos, não convenceu a dona de casa Lailce Garcia Duarte Oliveira, de 49, a adotar o capacete como obrigatório. “Quando ela caiu, até pensei em colocar o capacete, mas desisti. Ela só brinca na quadra do condomínio e comigo olhando”, justifica Lailce.
Mais que cortes superficiais e susto, as quedas podem provocar danos permanentes. No caso das lesões faciais, o cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, especialista em cirurgias do crânio e da face do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital das Clínicas, destaca as seguintes sequelas: alteração do crescimento, perda de sensibilidade, mobilidade comprometida e complicações estéticas.
“Tudo dependerá do grau de complexidade da lesão”, diz. Para o dentista Waldyr Antônio Jorge, especializado em cirurgia bucomaxilofacial pela Universidade de São Paulo (USP), um trauma na face de crianças e adolescentes costuma ser mais severo que em adultos. “Embora tenham uma reparação mais rápida, a criança e o jovem estão em desenvolvimento ósseo e são mais frágeis que adultos”, garante.