Matéria do Jornal o Tempo Link
Capital. Na foto, exemplo de motorista que foi prejudicado por prismas de concreto na ciclovia da lagoa da Pampulha |
Ao menos 20 acidentes ocorreram desde
dezembro de 2013 na ciclovia da orla da lagoa da Pampulha, em Belo
Horizonte, após a instalação de blocos de concretos – prismas conhecidos
como gelos baianos –, para separar as vias. A informação é da Federação
Mineira de Ciclismo (FMC), que é contra os separadores, usados em cinco
ciclofaixas espalhadas pela capital, por considerá-los um risco aos
ciclistas.
“Já fizemos várias solicitações para
retirarem o gelo baiano das ciclovias e nunca entendemos por que eles
foram colocados. Os acidentes têm ocorrido com turistas e famílias que
utilizam o local”, explicou o presidente da FMC, Paulo Aquino. Segundo
ele, ciclistas de alto rendimento não usam ciclovias com o bloco porque
pedalam a 40 km/h, e a estrutura potencializa o risco de acidentes.
Em janeiro último, O TEMPO
publicou reportagem sobre os problemas apontados pelos ciclistas na
ciclovia da lagoa da Pampulha, entre eles o equipamento. “Além de causar
acidentes, o gelo baiano impede a gente de ultrapassar os ciclistas
mais lentos. Atletas pedalam na lagoa desde a década de 1940 e nunca
houve problema, mesmo sem ter uma placa lá. Agora a ciclovia tem tantos
erros que virou uma zona de conflito”, contou o ultraciclista Rogério
Pacheco. Segundo ele, um grupo de ciclistas foi ontem ao Ministério
Público de Minas Gerais (MPMG) solicitar que a via seja alterada.
A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo
Horizonte (BHTrans) informou que o uso dos prismas é um dispositivo de
canalização recomendado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para
evitar que veículos transponham determinado local ou faixa de tráfego.
Segundo a autarquia, os blocos teriam sido instalados dentro dos padrões
definidos pelo CTB.
Paliativo. A organização de
ciclistas Transporte Ativo (TA), com sede na capital do Rio de Janeiro –
uma das capitais que também utiliza o gelo baiano, sob a mesma
justificativa da BHTrans – considera a colocação do prisma um paliativo e
também reprova a medida.
“Porque temos um trânsito com motoristas
mal-educados é preciso colocar os blocos, que também provocam risco aos
ciclistas. Essa não é a alternativa ideal. Vamos lutar para que, pelo
menos, o gelo baiano seja retirado quando o motorista se acostumar com a
ciclofaixa”, disse José Lobo, presidente da TA.