sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por “falta de verba”, Brasil abre mão de duas vagas no Mundial

Fonte:Pedaladas
O Brasil está abrindo mão de duas vagas no campeonato mundial de ciclismo de Valkenburg, que começa no domingo. Na prova de elite masculina, o país tem direito a três representantes, mas convocou apenas Rafael Andriato. A justificativa da Confederação Brasileira de Ciclismo é que ela não tem verba pra levar uma delegação completa, por isso preferiu preencher todas as vagas da categoria junior, investido nos jovens talentos - Wellida Rodrigues (feminino), Carlos Henrique e Caio Godoy (masculino) são os juniores convocados. Pelo mesmo motivo, das 6 vagas que o Brasil tinha direito para as mulheres, apenas uma está sendo preenchida por Clemilda Fernandes.
A justificativa, inicialmente, me parece aceitável. Se a grana é curta, de fato é melhor pensar no futuro do que gastar com atletas que, teoricamente, não brigariam pelo pódio. A escolha por Andriato é correta, afinal ele está em ótima fora. Porém, surgem duas questões: Quanto custaria para levar os dois atletas que foram cortados? Será que a CBC realmente não tem essa verba?
Bom, vamos fazer uma conta simples, sem perder tempo com muitas cotações:
Para deslocar Murilo Fischer, que é nosso atleta mais experiente e certamente agregaria muito ao time principal e aos jovens, da Itália (Veneza), onde mora, até Bruxelas (a 130km Valkenbrug), o valor médio de uma passagem aérea da Alitalia (ida e volta) é de €140,00, ou R$ 390,00.

Pra levar Otavio Bulgarelli, Magno Prado, Gregory Panizo, ou qualquer outro ciclista daqui do Brasil pra Bruxelas, pela KLM, seriam gastos cerca de R$ 4mil (ida e volta).
A diária de um quarto duplo em hotel 4 estrelas em Valkenbrug custa em média R$ 200. Eles não precisam ficar uma semana lá, mas mesmo assim vamos chutar alto e imaginar 7 noites (R$ 1.400), mais R$ 200 reais por dia pra cada uma cada um gastar com outras despesas (R$ 2,800).
Vamos somar: 390 + 4000 + 1400 + 2800 = R$ 8.590,00!
Sim, por menos de 10mil reais teríamos um time completo (lembrando que a conta foi feita de maneira bem simples, sem fazer cotações, analisar parcerias, nem possíveis outras despesas). E o vexame não é novidade. Murilo Fischer já viajou sozinho pra mundiais anteriores, onde teve que organizar toda a parte burocrática. Teve até o episódio onde a seleção italiana levou parte do equipamento de Fischer, já que ele não tinha verba pra pagar o excesso de bagagem.
Pro meu bolso e talvez pro seu também, R$ 8.590,00 pode parecer muito. Mas, e pra um Comitê Olimpíco que eviou dezenas de “inspetores” pra Londres, muitos dos quais viajaram em classe executiva, ficaram em hotéis 5 estrelas e frequentaram os melhores restaurantes da cidade? Isso só pra citar um exemplo, sem precisar se aprofundar nos balancetes do COB ou da CBC.
É mesma análisa já feita após a Olimpíada. A verba existe, mas é mal administrada.


Sobre Bruno Vicari:Bruno Vicari tem 28 anos, trabalha como repórter esportivo da Jovem Pan desde 2003 e é colaborador da Revista Vo2max. Além de triatleta amador, Bruno é amante do futebol, como todo brasileiro é, e apaixonado por ciclismo, como todo brasileiro deveria ser.

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