segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mundo radical - pedalando sem parar ROGERIO PACHECO




Mundo radical - pedalando sem parar
Rodrigo Gini
Para quem anda de bicicleta ocasionalmente, preocupado em manter a forma e manter hábitos de vida saudáveis, 20km em um dia já podem ser uma senhora distância. O que dizer então de 530km diários, por nove dias, com rápidas paradas apenas para alimentação e relaxamento muscular, com direito a atravessar os Estados Unidos de um extremo a outro?
Pois é esse o desafio que um ciclista mineiro de 36 anos pretende encarar em junho, não apenas pelo prazer de competir, mas com objetivo de vitória, o que seria um feito inédito para o Brasil. Caso supere o sempre presente obstáculo da falta de apoio, Rogério Pacheco quer dar mais um passo em uma carreira de pedaladas infinitas, depois de se impor como principal nome do país em provas de ultraciclismo, variação cada vez mais popular da modalidade.
A vaga na Race Across America (RAAM) foi conquistada, pelo segundo ano consecutivo, com a vitória, na categoria solo, nas 24h de Fortaleza, disputadas em novembro em um circuito de 13km montado em torno do Beach Park. Pacheco não se intimidou com o forte calor, o fato de pedalar sempre em metade do traçado com vento contra e ter apenas a ajuda de um amigo no apoio. Competindo contra feras como o italiano Fabio Biasiolo e o norte-americano Rob Kish, deixou os gringos falando sozinhos e, no fim de um dia inteiro de idas e vindas, percorreu impressionantes 663 quilômetros, melhorando o recorde que já era seu, do ano anterior.
O desempenho acabou ofuscando a participação de atletas como o suíço Rubens Bertogliati, vencedor de uma etapa do Tour de France’2003, que correu nos quartetos ao lado do brasileiro Luciano Pagliarini, bronze no Pan Rio’2007. Durante a prova, ele ingeriu 46 litros de líquidos, além de carboidratos, barras de cereal, frutas desidratadas e sanduíches leves.
Entre seus feitos estão ainda a vitória na prova Extra Distance 800k, de 2007, e o título brasileiro Master de ciclismo do ano passado, este em distâncias menos exageradas. A paixão pelo ciclismo surgiu aos 24 anos, primeiro nas provas de mountain bike (que continua disputando), depois com o asfalto, com distâncias cada vez maiores. Hoje o fato de treinar em torno de 1.000km semanais na fase de preparação para as principais competições, mesmo tendo de administrar a loja de bicicletas que abriu na Pampulha, é encarado como coisa normal. No dia 28, ele planeja melhorar o recorde de voltas em torno da lagoa, circulando a orla 18 vezes (mais de 340km).
“Você completa uma distância, supera um desafio e dá vontade de fazer mais. Fui correndo provas de 12h, depois de 24h, agora sinto que posso ir ainda mais longe. É mais ou menos como nas maratonas, você não disputa muitas em um ano, mas treina forte para cada uma. Caso consiga disputar a RAAM, não penso somente em completar, como é a meta da maioria. Claro que em eventos como esse muita coisa pode acontecer, as vezes um tombo ou um problema físico forçam você a abandonar, mas sinto que posso buscar a vitória.”
Estrutura E, para ser o melhor num percurso com largada em Oceanside, na Califórnia, e chegada em Annapolis, Maryland, quase 5.000km depois – não bastasse a distância, é preciso encarar a travessia das Montanhas Rochosas, o forte calor do deserto de Utah e as baixas temperaturas noturnas no Meio-oeste – é necessária uma estrutura digna da grandiosidade da prova, que permita ao ciclista se preocupar apenas em pedalar. “Tenho de contar pelo menos com uma bicicleta de reserva, dois pares de rodas, massagista, mecânico e, se possível, nutricionista, além de uma van para levar todo o pessoal e o material. Detalhes bobos, como entrar em uma estrada errada, podem representar a diferença entre a vitória e uma posição intermediária”. Até parece fácil, mas é coisa para ciclista de ferro. *********** FONTE UAI ACESSE :http://www.superesportes.com.br/ed_esportes/006/template_esportes_006_115724.shtml

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